ATSUMORI, espectro em repetição — mecanismos de visibilidade — topografia intersticial — dança apotropaica
ATSUMORI é uma peça de dança para um quinteto e um palco luminoso. Esta criação parte da peça japonesa de Teatro Noh Atsumori, escrita por Zeami Motokiyo no século XV, em que o fantasma de uma criança-guerreira, volta ao campo de batalha para se vingar da própria morte. Catarina Miranda estudou esta peça em Kyoto (2018) e inspirou-se para desenvolver a sua própria narrativa, abordando o duplo afeto sobre a perda e o início de ciclos, bem como, a atração pelo desconhecido. O corpo transgredido deseja estabelecer contacto e afirmar-se na sua potência máxima. O quinteto de bailarinos recorre a palmas, apitos, faíscas, sussurros e chamamentos vocais, enquanto ocupa um espaço intersticial através de uma coreografia apotropaica e rítmica, num jogo de espectros, sombras e metamorfoses, revelado por diferentes níveis de visibilidade. Há ecos e vestígios do gestuário de danças ancestrais e danças sociais contemporâneas, aqui torcidas e reconfiguradas, como se os corpos e o tempo fossem desdobráveis, desmembráveis, transitáveis, corporizados por Cacá Otto Reuss, Hugo Marmelada, Lewis Seivwright, Maria Antunes, Mélanie Ferreira. A luz cénica, desenvolvida por Letícia Sckrycky e Joana Mário, desempenha um papel ativo neste jogo de sombras, amplificado pela composição musical de Lechuga Zafiro, revelando os corpos que se dissolvem, que se transformam, que procuram emergir e coexistir.
Neste espetáculo usa-se luz estroboscópica.
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